segunda-feira, 29 de agosto de 2022

fluxo #39302

(...) o teu reflexo não é mais familiar e eu tento comunicar em todas as línguas que há algo fora do normal e quando eu tento entender o que há de errado você jura que eu me beneficiaria de todas as psicoterapias disponíveis no mundo quando eu sei que a minha angústia e busca por controle são resultados de tudo que você oculta e não diz e a cada inverdade vejo dias semanas meses anos ruindo na minha frente parece que eu não sei aquilo (quem) que escolhi e como tudo que escolhi até agora é só questão de te ver (nos ver) sendo reduzido a pó e tudo bem apesar de tudo está tudo em paz pois sei que serei outra e sei que ela já vem maior mais sábia mais possivelmente mais misantropa e tão minha como nunca ainda bem que há outros desejos outras vontades um mundo e quase 8 bilhões de pessoas ficará tudo bem repito como um mantra nas noites insones e nos dias de exaustão apesar de você e de todas as suas mentiras que bom que cada dia eu aprendo que sou mais e mais verdade (...)

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

monólogo.

 Digo, em um destes dias em que a mente há de falhar e eu quase penso em desistir. De tudo:

"Não guardarei memórias

Não haverão fotos

Na gaveta, nenhum bilhete ou carta"

A inexistência de 26 anos, apagada, como se aqui nunca tivesse tomado parte de nada.


sexta-feira, 17 de junho de 2022

verdens verste menneske

Cobra Man - Bad Feeling

Rabisco poemas que não serão lidos, 

que não chegarão jamais aos teus ouvidos

Eles dizem aquilo que não posso repetir em voz alta 

Sem o risco de incorrer em erros 

De gramática ou moral,

Escrevo, apago, 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

obviedade

 usar as tuas melhores cores para roubar a atenção das rachaduras, vidros quebrados e infiltrações não impede que a estrutura acabe inteira em ruínas.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Blame game

Rascunho de 16/10/2013:

Lay It Down by The Rubens on Grooveshark
Tamborilo os dedos na mesa enquanto tento me distrair com as telas em branco. Encaro as paredes que sabem demais. De tudo que você não sabe. Silêncio. Tal qual esses períodos em que falta palavra tua ou minha. Não existe coragem por aqui, meu bem. Ela morreu e descansou o corpo nas enormes lacunas que só o orgulho conhece. E é tudo (sobre) palavra. Não pronunciada, mas palavra. E o tempo vai levar cada uma, trazendo o esquecimento no lugar. Vale mesmo a pena arriscar castelos por por ruínas?

segunda-feira, 30 de maio de 2022

sem título 0722

Esteban Tavares - Muda

toda vez que o vazio me chama, eu lembro. há um arsenal de sentimentos e um histórico inegável das ausências, desejos e projeções para ser retomado. toda vez que eu lembro, eu volto.

estralo meus dedos, ando pela casa, escuto músicas com a intenção de permanecer no presente. tento me distrair do fato de que o amor - ou o que quer que ele signifique - será sempre parte da minha busca. a atenção dos inícios, a busca pelo outro, o impulso da incerteza são foram o combustível para que eu saísse de um ponto a outro, mesmo que chegasse em terras inóspitas, sem possibilidade de ali fazer abrigo.

"amar o amor mais que o objeto do amor". um lema e um ensinamento midiático, reforçado pela reverência à literatura, música e cinema. alguém um dia iria chegar e mudar tudo. e mudou. dentro de alguma das inúmeras quebras e desilusões, a segurança. o extremo oposto da reatividade e do referencial  romântico. 

eu sangrei as experiências emocionais de incerteza vez após outra de forma lírica até entender que a segurança me deixa sem palavras. ou melhor, que ela exige que a minha narrativa seja oral, a voz firme e em alto e bom som. de preferência, com a proposição de acordos bem delimitados e frustrações comunicadas com o objetivo de promover soluções adultas.

o utilitarismo me amadureceu, mas há uma versão que anseia por aquilo que pode ser interpretado de maneira livre, com recursos que não a racionalidade fria. ela (eu) desperta toda vez que enxerga a possibilidade de um novo capítulo. talvez esse tenha o seu nome. 


note to self - #2222

She Wants Revenge - Tear You Apart

Eros me propõe diálogos enquanto a racionalidade sussurra no ouvido: "não dê às paixões mais espaço do que precisam". Não falamos sobre a fertilidade em terrenos de ausências. É dali que nascem os desejos.