quarta-feira, 10 de agosto de 2022

monólogo.

 Digo, em um destes dias em que a mente há de falhar e eu quase penso em desistir. De tudo:

"Não guardarei memórias

Não haverão fotos

Na gaveta, nenhum bilhete ou carta"

A inexistência de 26 anos, apagada, como se aqui nunca tivesse tomado parte de nada.


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Então, rememoro os textos de gaveta. Meus manuscritos, sentimentos organizados (às vezes não), que têm tudo aquilo que senti: o desejo, a angústia, o desespero, a vontade, as projeções, a ação, a inação, a decisão que esperei que outro tomasse...Respiro. Minhas memórias permanecem onde eu não. Os amores, vivos, pulsam em duas, três laudas, ainda que no espectro real não tenham passado de duas palavras mal atravessadas. O nó na garganta. As angústias, a enorme que alimento (sem querer) agora e que me diz pra ir embora, porque tudo vai acabar. Ela está na minha gaveta também e se alimenta do pó que matura as emoções. Tento aplacá-la, dizendo que vai passar. E vai, sei que vai. Vai, certo?

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