toda vez que o vazio me chama, eu lembro. há um arsenal de sentimentos e um histórico inegável das ausências, desejos e projeções para ser retomado. toda vez que eu lembro, eu volto.
estralo meus dedos, ando pela casa, escuto músicas com a intenção de permanecer no presente. tento me distrair do fato de que o amor - ou o que quer que ele signifique - será sempre parte da minha busca. a atenção dos inícios, a busca pelo outro, o impulso da incerteza são foram o combustível para que eu saísse de um ponto a outro, mesmo que chegasse em terras inóspitas, sem possibilidade de ali fazer abrigo.
"amar o amor mais que o objeto do amor". um lema e um ensinamento midiático, reforçado pela reverência à literatura, música e cinema. alguém um dia iria chegar e mudar tudo. e mudou. dentro de alguma das inúmeras quebras e desilusões, a segurança. o extremo oposto da reatividade e do referencial romântico.
eu sangrei as experiências emocionais de incerteza vez após outra de forma lírica até entender que a segurança me deixa sem palavras. ou melhor, que ela exige que a minha narrativa seja oral, a voz firme e em alto e bom som. de preferência, com a proposição de acordos bem delimitados e frustrações comunicadas com o objetivo de promover soluções adultas.
o utilitarismo me amadureceu, mas há uma versão que anseia por aquilo que pode ser interpretado de maneira livre, com recursos que não a racionalidade fria. ela (eu) desperta toda vez que enxerga a possibilidade de um novo capítulo. talvez esse tenha o seu nome.
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