domingo, 28 de maio de 2017

Nada


Não teria sido diferente se tivéssemos nos conhecido antes do amargo do teu café deixar a xícara para te fazê-lo assim como homem. Era final de novembro de um ano que eu achava que não teria mais fim mesmo tendo sido pautado por eles. Você foi incógnita e, pelos deuses, eu quis tanto ser capaz de resolver. Quis saber da tua bagagem, de onde vinha, quem era e o que tinha acontecido pr'aquela poltrona estar vazia, me fazendo cruzar teu caminho da forma mais aleatória e abraçar impulsos. Tu eras maior que meu otimismo e ali, penso, deveria ter extraído significados que me impediriam de considerar toda a fragilidade dos “e se...?” dentro de uma narrativa. E dessas, eu sei. Escrevi uma após a outra na tentativa de categorizar e encarar possibilidades de forma sistemática. Confesso não ter atingido nenhum resultado utilitarista.

(***)


Alguém me disse que eu sou fácil demais de gostar e eu ri por já ter ouvido algo parecido. É livre de cobranças ter quem está ali pra te estender um copo ou a mão, mas não é o suficiente, não é?

(***)

Tem teu silêncio.
Tem as justificativas pra não me ver depois de meses: as contas, a chuva, a vida que não é nada fácil.
Tem as voltas, idas e as discussões não terminadas.
Tem a tua vontade de me jogar a culpa por não termos ido além quando você também se fez hermético depois do mundo te abandonar.

E eu não era o mundo. Só a hipótese de um planeta anão que podia ser parte do teu universo. 

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