segunda-feira, 1 de maio de 2017

Astenia


“Seremos sempre lembrados pelas falhas” a frase me veio à mente como se numa das conversas mínimas você a tivesse proferido “seremos sempre lembrados por isso: o que não fomos” completarias na tua ausência criei diálogos pra suprir a falta que achei que faria e que um dia ou dois depois do meu silencio aparecerias fosse na minha caixa de mensagens ou numa ligação esquisita de um bar com desconhecidos que passou a frequentar quando deixei a cidade mas nada outro dia e nada mais um e nada até que eu tomasse malas um ônibus e um punhado de horas pra voltar à casa e encarar um relato sobre aleatoriedades das quais eu jamais exceto essa por me encontrar tão cansada as pessoas continuam a aparecer, sabes? Pra um café uma cerveja um oi rápido entre-aulas-textos-trabalhos-responsabilidades que eu postergo e depois corro para por em dia eu disse que estou cansada? É de não saber de mim dos outros do que foi você já faz um mês desde a última vez já faz um ano que eu me recolhi pra me cuidar nesses dias tenho celebrado erroneamente uma série de marcos que lembram que dois passos para frente são três e meio pra trás e eu insisto não sei se por ingenuidade ou isso que chamam de fé e é exaustivo não ter um ponto no qual descansar pés ombros cabeça e coração e eu sei que sabes como é se sentir assim agora tenho duas semanas para refazer malas para sair de um lugar que não é meu e retornar ao que um dia foi e eu tô indo e não sei bem pra onde livros ótimos tem saído os filmes se acumulam e o meu álbum favorito do ano tem a frase “you're the earthquake I'm what's on the wall” e poderia ser sobre a gente sobre o casal que mora do meu lado ou de alguém que conheci há cinco anos poderia ser sobre tudo o que não foi por isso o que projetei em ti me volta: seremos sempre lembrados pelas falhas?

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