Ouça: The Cure - This Morning
Tu, vítima. Porque ela partira sem nada dizer, porque tomara as coisas do quarto, porque mudara o rumo da própria vida sem te consultar. Nunca pelo abuso, pelo descuido com que lançastes palavras ferinas. Jamais pelos descasos.
Tu, vítima. Porque ela partira sem nada dizer, porque tomara as coisas do quarto, porque mudara o rumo da própria vida sem te consultar. Nunca pelo abuso, pelo descuido com que lançastes palavras ferinas. Jamais pelos descasos.
Na mesma cidade, seria inevitável que não nos cruzássemos, ainda mais quando todos insistem em se encontrar (ou esquecer) nos mesmos lugares. Os personagens do teu passado pagaram pedágio ao atravessar nosso caminho e encarar reações descabidas. O desconforto dela era o meu. Se perguntares, vais perceber que o teu descaso comigo ela também percebeu. O meu papel nunca foi relevante o suficiente para assumir qualquer protagonismo na tua história: desempenho a função coadjuvante da que, temporariamente, te serviria pra preencher vazios que a de cabelos escuros deixou até que outra, parecida com a anterior, te apaziguasse. Por seis meses ou pouco mais de mil e cem dias.
Não mais me disponho a tentar caber em uma narrativa que, em nada, me inclui. Fica claro que a tua insegurança transformou aquela moça em ruínas e a demolição começou da mesma forma que, agora, destrói cada uma das minhas bases. Nunca dissestes o meu nome com medo de confundi-lo com o dela, tão familiar. Nós duas divergimos em tantos pontos, mas o conflito - você - é o que nos une. O que a ti questionei, eu mesma respondi. Feito quebra cabeça, assim, com as peças juntas, fica fácil ver que a falha reside nos teus “eu não sei” e nas pequenas desculpas que toma como muleta pra não se deixar sentir algo que não seja autopiedade.
Longe, eu respiro. Sei que logo volto para ver Gretel dançar tranquila com um novo homem, talvez, sem saber, ambas aplaudiremos.
É a minha vez.
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