Ouça: Diga pt 2 - Fresno
“Não é nada”, eu disse em voz baixa da primeira vez que questionastes o que eu tinha afogando a vontade de ir embora no peito só pra ficar do teu lado.
Não é ódio. Meus punhos não se fecham à lembrança do teu descaso, minha pele não repele a tua ao menor contato. Não é pena, pois tuas experiências são histórias repetidas que eu cansei de ler. Não é cuidado, já que esse se desfez com a acidez do teu cinismo. Nem arrependimento pelas noites em que meu copo (e corpo) se esgotou pra encher de vazio. Não é mágoa que me inflama cada espaço da memória. Não é a ausência da tua voz ou a falta dos teus braços ao meu redor. Não é a tua insegurança que cala toda minha vontade de respostas. Não é o meu toque que nunca te estremeceu.
Agora, não é nada.
Só a certeza de que, no lugar de ti, eu deveria ter tudo.
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