terça-feira, 31 de maio de 2022

Blame game

Rascunho de 16/10/2013:

Lay It Down by The Rubens on Grooveshark
Tamborilo os dedos na mesa enquanto tento me distrair com as telas em branco. Encaro as paredes que sabem demais. De tudo que você não sabe. Silêncio. Tal qual esses períodos em que falta palavra tua ou minha. Não existe coragem por aqui, meu bem. Ela morreu e descansou o corpo nas enormes lacunas que só o orgulho conhece. E é tudo (sobre) palavra. Não pronunciada, mas palavra. E o tempo vai levar cada uma, trazendo o esquecimento no lugar. Vale mesmo a pena arriscar castelos por por ruínas?

segunda-feira, 30 de maio de 2022

sem título 0722

Esteban Tavares - Muda

toda vez que o vazio me chama, eu lembro. há um arsenal de sentimentos e um histórico inegável das ausências, desejos e projeções para ser retomado. toda vez que eu lembro, eu volto.

estralo meus dedos, ando pela casa, escuto músicas com a intenção de permanecer no presente. tento me distrair do fato de que o amor - ou o que quer que ele signifique - será sempre parte da minha busca. a atenção dos inícios, a busca pelo outro, o impulso da incerteza são foram o combustível para que eu saísse de um ponto a outro, mesmo que chegasse em terras inóspitas, sem possibilidade de ali fazer abrigo.

"amar o amor mais que o objeto do amor". um lema e um ensinamento midiático, reforçado pela reverência à literatura, música e cinema. alguém um dia iria chegar e mudar tudo. e mudou. dentro de alguma das inúmeras quebras e desilusões, a segurança. o extremo oposto da reatividade e do referencial  romântico. 

eu sangrei as experiências emocionais de incerteza vez após outra de forma lírica até entender que a segurança me deixa sem palavras. ou melhor, que ela exige que a minha narrativa seja oral, a voz firme e em alto e bom som. de preferência, com a proposição de acordos bem delimitados e frustrações comunicadas com o objetivo de promover soluções adultas.

o utilitarismo me amadureceu, mas há uma versão que anseia por aquilo que pode ser interpretado de maneira livre, com recursos que não a racionalidade fria. ela (eu) desperta toda vez que enxerga a possibilidade de um novo capítulo. talvez esse tenha o seu nome. 


note to self - #2222

She Wants Revenge - Tear You Apart

Eros me propõe diálogos enquanto a racionalidade sussurra no ouvido: "não dê às paixões mais espaço do que precisam". Não falamos sobre a fertilidade em terrenos de ausências. É dali que nascem os desejos.