Ouça: Aos Garotos de Aluguel - A Banda Mais Bonita da Cidade
“2h...mesmo quarto...não demora.”
“2h...mesmo quarto...não demora.”
Joga
o celular na cama. Passa a mão pela cabeça, como se o gesto fosse manter a
indecisão no lugar. Disse indecisão? Não. Não vai. Prometeu que mudaria.
Não lembro como entrei nessa
vida, diz para todos. Mente. É bonito. Colaboram, fingindo que acreditam. Vai se
manter no mercado de corpos para prazer só até o fim da faculdade. Ainda que
tenha abandonado os estudos no terceiro período. É necessário para lidar com os
gastos com os livr...e o assunto morre no meio de um gemido.
Sorriso sacana. Atlético. Moço de
família. Típico garoto ingênuo que sai do interior para cursar uma faculdade na
cidade grande. Bonito demais para dar-se conta do efeito que causa. Exceto pelo
fato de que, agora, sabe. Da vida e do poder das extremidades do próprio corpo.
Situação comprovável quando os dedos encontram a pele e exploram os cantos
mais sensíveis do corpo alheio, fazendo-o explodir, provocando espasmos.
Encara a cama. Lençóis desfeitos.
A namorada, boa moça, de família simples, mas acolhedora, inocente, se
espreguiça e vira pro lado, tomada por um sono pesado. Não vai atender ao
chamado. Por ela.
Mas a pequena não pode controlar o tempo. Faz calor. As paredes sufocam.
Não poderia voltar para o quente da cama agora. Vai até o banheiro, largando no
caminho as poucas peças que restam no corpo. A água gelada escorre até fazê-lo perder a noção do tempo. Sai, seca o corpo de forma rápida. Dirige-se até o armário do quarto e escolhe um jeans azul e uma camiseta branca,
ambos justos o suficiente para delinear o corpo que começa a esquentar. Num dos
bolsos coloca a carteira. Toma o celular, checando o horário -1h29 da manhã- e deposita
no outro, vago. Abre a porta e sai, em silêncio.
Vai.
Mas não sem antes prometer a si, pela terceira vez na semana, que essa será a
última vez.
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