quinta-feira, 31 de julho de 2014

Desalinhados


*Esse texto é uma versão alternativa de "Regressivo", publicado no blog Contos avulsos. Para ler a versão original, clique aqui.




Já era noite. Eu resolvia assuntos da faculdade, pendências do trabalho. Absorta em mil afazeres que agora tomam meu tempo, me impedindo de analisar a vida. Ou o que ela era meses antes. Contas para pagar. Papéis, vários, é preciso protocol...Batidas.
Toques na porta. Passos até a porta. Atendi...

"Eu voltei para você"

Apagão.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Promessa

Ouça: Aos Garotos de Aluguel - A Banda Mais Bonita da Cidade

“2h...mesmo quarto...não demora.”

                Joga o celular na cama. Passa a mão pela cabeça, como se o gesto fosse manter a indecisão no lugar. Disse indecisão? Não. Não vai. Prometeu que mudaria.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sutjeska

Passei um dia todo tentando desvendar tua mente. Sorvendo cada letra como se a junção de todas resultasse num quebra-cabeça com peças faltando. Processei as partes disponíveis tentando desvendar em que lugar se encontram as demais. Eu não sei. E o meu não saber é a parte mais vulnerável que existe nesse punhado de emoções e estranheza. O não saber me afunda.

sábado, 5 de julho de 2014

Anestesia - I

Ainda lembro que, quando entrou ali, fez todos os pescoços virarem. Se equilibrava nos saltos sem muito cuidado, sem necessidade de seduzir. A pele branca, o vestido negro, a nuca à mostra, o Chanel de Valentina. Não fosse pela idade, não avançada, mas madura, já beirando os quarenta, seria a italiana – ou melhor, a americana- em pessoa. A semelhança com a moça dos quadrinhos e o desinteresse por qualquer pose que os seres do sexo feminino custavam a manter em situações de extrema sociabilidade atraíam qualquer um naquele bar. Hipnotizava sem dificuldades. Isso tudo antes de quebrar a cara num poste, num dia qualquer. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Rascunho

Ouça: Nunca - A Banda Mais Bonita da Cidade


Encontraram-se em meio aos livros. As mãos se tocaram quando, por ironia, tentaram alcançar o mesmo exemplar de “Cem Sonetos de Amor”, de Neruda. Desajeitados. Como todos os amantes nos primeiros encontros, disfarçaram. Tomaram, cada um, seu exemplar e caminharam juntos até o balcão de empréstimos.