quinta-feira, 25 de agosto de 2016

acceptĭo,ŏnis


O prédio vazio denunciava o fim do semestre letivo, declarado duas ou três semanas antes. Por lá, circulavam somente aqueles que ainda possuíam alguma pendência acadêmica ou, no caso dos dois, os que dispunham de algum tempo no meio da semana. Não sabiam bem o que procurar e, a bem da verdade, não era o fim que importava mas o meio, isto é, a busca conjunta por algo que desconheciam.

O silêncio imperava não só nas salas vazias e nos corredores amplos: ecoava entre o casal. Era quebrado, por vezes, quando inferiam significados àquilo que estava ao redor, fosse o edital de um dos murais ou o padrão utilizado no piso de um dos andares. A espetacularização da vida cotidiana era um jogo.

Criavam justificativas para explicar a disposição das cadeiras, as falhas tipográficas na apresentação de uma exposição fotográfica, escadarias do departamento de dança que levam a destino algum. A tudo concebiam uma breve narrativa, inserindo as próprias referências como se descrevessem a história em um idioma que testemunhas seriam incapazes de decifrar.


A melhor novela, no entanto, recusavam-se a dar nome. Seguiam, certos de que eram [algo, com todas as representações que cabem nessas quatro letras] tudo o que não caberia em nenhum rascunho.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário