sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Ainda

Num dia desses, não muito tempo atrás,
precisava de algo.
Talvez alguém.
Talvez um cigarro.
Talvez uma conversa.
Qualquer coisa que me ocupasse os lábios
e limpasse a cabeça.

Disquei teu número.
"Caixa postal".
Sinal dos deuses, pensei.
Engoli a ansiedade.

Realmente, precisava de alguma coisa.
Qualquer coisa.
Pedi um cigarro que nunca foi queimado.
Ganhei uma vida,
talvez algumas garantias.

Se tu me perguntares 
se eu sei o que eu fiz
ou o que faço agora
a resposta seria a mesma de antes.

Eu não sei o que eu quero.
Só não quero acordos.
Embora,
muito embora,
tenha, junto com o cigarro,
assinado um
som a cláusula que diz

Se perca (te perco)

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