Num dia desses, não muito tempo atrás,
precisava de algo.
Talvez alguém.
Talvez um cigarro.
Talvez uma conversa.
Qualquer coisa que me
ocupasse os lábios
e limpasse a cabeça.
Disquei teu número.
"Caixa postal".
Sinal dos deuses, pensei.
Engoli a ansiedade.
Realmente, precisava de alguma coisa.
Qualquer coisa.
Pedi um cigarro que nunca foi queimado.
Ganhei uma vida,
talvez algumas garantias.
Se tu me perguntares
se eu sei o que eu fiz
ou o que faço agora
a resposta seria a mesma de antes.
Eu não sei o que eu quero.
Só não quero acordos.
Embora,
muito embora,
tenha, junto com o cigarro,
assinado um
som a cláusula que diz
Se perca (te perco)
Isso é muito bom, muito. Isso tem cheiro de cigarro.
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