Ouça: The Box - Damien Rice
Fugi e você sempre soube que isso aconteceria. Eu tentei, sabe. Me adequar aos "n" metros quadrados do apartamento que você comprou e decidiu que seria nosso, mesmo sem ter perguntado se era isso que eu queria. Ali eu perdi todo o espaço que sempre me foi necessário e eu não falava de ter um lugar para "relaxar". É que em uma de suas caixas de mudança veio um amor regrado, cheio de exigências, compromissos. Me cobravas o tipo de relação que só existia nos filmes, daquelas insustentáveis em que o "eu te amo" é quase um "bom dia". Não é como se você tivesse me ensinado o que é o "amor". Eu sempre soube o que era. Você só me tornou menos cínica em relação a ele.
Sei que agora maldizes meu nome onde quer que esteja. Mas deverias saber que ainda sou a mesma e esse é o detalhe que muda tudo. Os meus motivos continuam os mesmos que aqueles que expus em um bar numa quinta feira a noite quando me ligaste perguntando se tinha planos. Ainda sou a mesma idealista, com a mesma necessidade de espaço e o mesmo descuido com planos. Mesmo minhas roupas continuam as mesmas: a calça preta que ficava em sua casa caso eu precisasse, aquela camiseta que destes porque achava que ficava melhor em mim do que em você, os tênis surrados. Visto nosso passado e, quase todo tempo, sinto tua falta. Mas, confesso: a minha vontade de ser futuro —e aqui o significado difere daquele que sempre quiseste— nunca foi tão grande.
Talvez eu continue aqui, viaje pro Japão ou volte e acabe cruzando contigo em uma dessas praças em que costumávamos nos ver. Talvez você compre uma bicicleta, decida largar o emprego e conheça o leste europeu. Talvez eu decida dar chance pra algum cara que eu conheci por aí. Talvez você conheça outras dezenas de garotas e esqueça de mim. Talvez eu ainda tenha alguma influência na tua vida, te mande ter cuidado e você me obedeça. Talvez eu ainda volte e, só talvez, você entenda o que fiz e ainda seja meu.
São
quatro da manhã de uma terça feira. O sol nem pensou em dar as caras; entendo
agora porque é que essa cidade tem fama de cinza. Ainda acho que o clima aí é
mil vezes mais inconstante que o daqui. Fazem 27º lá fora, mas aqui dentro
nunca esteve tão frio. São só fatos desconexos pra tentar aplacar tua possível
indiferença. Não vim falar disso, você sabe.
A
Paulista é mil vezes maior do que eu pensava. Ingênua, sabe? Nunca fui de
acreditar em tudo que a TV mostra. Mas achava que, ao chegar aqui, dominaria
essas calçadas, daria bom dia ao motorista e, sei lá, apreciaria andar de metrô
do mesmo modo estranho que costumava andar de ônibus. Aqui é tudo sobre táxis
em dias de chuva, vagões lotados e alguns meio sorrisos por parte de algum
estranho, quando se tem sorte. É por isso que eu fui embora depois daquele
jantar cheio de poses e sorrisos falsos. Fui embora, arrumei uma mala e entrei
no primeiro ônibus que apareceu na minha frente e vim parar aqui. A tal selva
de pedra que você sempre abominou. Esses prédios sufocam, mas não tanto quanto
o bambolê dourado que você quis colocar no meu dedo, nem como o imaculado
vestido de rendas, camadas e véus. Eu nunca quis isso. Nem deveria estar falando disso, afinal, você conhece pelo menos
3/4 de todas as minhas razões.
Fugi e você sempre soube que isso aconteceria. Eu tentei, sabe. Me adequar aos "n" metros quadrados do apartamento que você comprou e decidiu que seria nosso, mesmo sem ter perguntado se era isso que eu queria. Ali eu perdi todo o espaço que sempre me foi necessário e eu não falava de ter um lugar para "relaxar". É que em uma de suas caixas de mudança veio um amor regrado, cheio de exigências, compromissos. Me cobravas o tipo de relação que só existia nos filmes, daquelas insustentáveis em que o "eu te amo" é quase um "bom dia". Não é como se você tivesse me ensinado o que é o "amor". Eu sempre soube o que era. Você só me tornou menos cínica em relação a ele.
Sei que agora maldizes meu nome onde quer que esteja. Mas deverias saber que ainda sou a mesma e esse é o detalhe que muda tudo. Os meus motivos continuam os mesmos que aqueles que expus em um bar numa quinta feira a noite quando me ligaste perguntando se tinha planos. Ainda sou a mesma idealista, com a mesma necessidade de espaço e o mesmo descuido com planos. Mesmo minhas roupas continuam as mesmas: a calça preta que ficava em sua casa caso eu precisasse, aquela camiseta que destes porque achava que ficava melhor em mim do que em você, os tênis surrados. Visto nosso passado e, quase todo tempo, sinto tua falta. Mas, confesso: a minha vontade de ser futuro —e aqui o significado difere daquele que sempre quiseste— nunca foi tão grande.
Talvez eu continue aqui, viaje pro Japão ou volte e acabe cruzando contigo em uma dessas praças em que costumávamos nos ver. Talvez você compre uma bicicleta, decida largar o emprego e conheça o leste europeu. Talvez eu decida dar chance pra algum cara que eu conheci por aí. Talvez você conheça outras dezenas de garotas e esqueça de mim. Talvez eu ainda tenha alguma influência na tua vida, te mande ter cuidado e você me obedeça. Talvez eu ainda volte e, só talvez, você entenda o que fiz e ainda seja meu.
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