Ouça: Someone New - Banks
Habitavam o planeta Dois quando juntos, expondo a ocasionalidade de veranistas. Nele, abraçavam como dialeto principal o silêncio e o toque - dedos entrelaçados ou traçando as veias dos braços, os contornos do rosto, os nós dos cabelos.
Tomara-o pela mão para que não se ferisse com as unhas que teimavam em raspar a pele em busca da efemeridade do alívio. Naquela noite, completavam mês de não-rótulos: se encontraram primeiro pelo gosto em comum, depois no dia seguinte em carne, ossos e nervosismo. Seguiram por madrugadas, bebidas, quilômetros rodados, cafés amargos e cervejas geladas sem qualquer acordo, apenas pela vontade de preencher. Fosse um vazio ou o espaço que separava os dois rostos.
Em outra ocasião, quem estendera a palma para alcançar o outro lado foi ele. A brincadeira disfarçava carinho e abertura, privilégio de poucos que se dissolvia nas horas de confissões compartilhadas. Deixara-a repousar, também, na nuca e cintura que, como ímã, traziam pra perto com o desejo de não permitir a partida.
A vida de um se fez estrada na qual tudo aconteceria do outro lado. O aperto na mão era apelo no idioma que só eles entenderiam. Vamos juntos?
Atravessaram.
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