terça-feira, 11 de novembro de 2025

Inominável

 não há espaço para nostalgia, mas a memória insiste em me encontrar nas madrugadas em que a ansiedade visita. não houve declaração, além das acusatórias e odiosas. penso sempre que poderia ter sido melhor ou mais ácida quando te era merecido. mas não. nada. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

estátua de mármore

ouça: estátua de mármore - anavitória

Luto com a minha própria memória para que ela não me pregue peças e para que eu seja capaz de lembrar que a ausência de resposta é uma sentença completa. Éramos jovens. Você quebrado, eu esperançosa. A minha vontade de ser grande me levou pra longe e me fez em minúsculos pedaços. Nenhuma máscara, carne exposta. Acho que você teria gostado mais dela, embora eu não pudesse ter sido mais clara naquele momento. O desejo distanciado. Suas palavras amargas, cuspidas com raiva. Nenhum ponto final. Hiato. Anos e anos. Novos rostos, corpos, jeitos. Cidade grande com clima de interior que nos esbarra em esquinas e multidões. Silêncio. Pra sempre. Até que se manifeste como audiência cativa, que orbita em torno de vidas que se veem de longe. Tudo que da pra significar como algo ou nada porque não há respostas. Um coração ou outro à toa. Solicitações. Sem resposta. Sem elaboração. Sem nada. Líquido como o que foi e o que deixou de ser. Como o que vive em passado-sem-futuro, completamente imperfeito. Como a gente.