aos quase 28 percebo que perdi o vocabulário rebuscado e parece até que algumas palavras me fogem da cabeça ao tentar descrever situações cotidianas. minha língua deixou de ser ácida e movida por jogos.
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
terça-feira, 2 de maio de 2023
ouça: happiness - Taylor Swift
se tivesses lido O livro saberia que palavras ferem e a quebra de promessas enterra mesmo as sustentações mais sólidas. saberias do medo das casas vazias e dos lares em que mora a ausência. entenderia que os amantes mortos não são fantasmas. que os ressentimentos que plantastes no jardim deram frutos e me fazem te olhar com vazio. que eu já preparo a minha saída e que toda palavra que você diz não é nada a não ser uma promessa que não será cumprida. o futuro que você não encara não suporta a minha imagem. estarei em busca dos continentes, do lar que se recusou a construir e de amantes com óculos e ouvidos capazes de interpretar o que eu digo. se tivesses lido O livro, saberia que todas as palavras ferinas que proferi significavam saltos de fé enquanto abria mão de mim. em cada abraço frouxo, desato os nós que me ligam à sua vida, para que logo mais não sejas nada além aquilo que desconheço. preparo malas e passagens enquanto disfarças teu mal querer em gestos sem significado. logo menos, não estarei.
domingo, 15 de janeiro de 2023
a exaustão das desculpas consistentes e dos conflitos que se repetem me afastam do que é terceiro e me põem a calcular de novo as rotas de saída levantar os portões arrumar as malas mesmo que metafóricas e os 27 quase aí me lembram que cada camada que foi retirada ao longo dos anos me deixa mais e mais vulnerável e mais cansada e vocal sobre incômodos e cansada muito cansada de explicar o óbvio de advogar sobre os meus sentimentos e bancar toda vez principalmente quando não quero estar certa quando espero que toda nova decepção seja um mero engano meus olhos fecham a garganta cala falo pouco apareço ainda menos os olhos afundam e se eu te contar que chorei diferentes vezes essa semana no ônibus no chuveiro lavando a louça fazendo o café da manhã no banheiro do trabalho respiro e digo que foi mais uma das alergias e que o tempo não está dos melhores respiro e me planejo de novo para outros começos para planos que me dão medo para planos construídos em areia movediça e respiro de novo e me convenço de que eu só eu sou responsável por mim e é sozinho e então preciso respirar de novo porque as lágrimas voltam assim como eu volto à primeira casa e tudo muda de novo e não há espaço pra mim não há para onde ir e tudo precisa ser cancelado respiro não durmo direito choro 2x ao dia e tento tomar a quantidade recomendada de água pois ao menos sei que não terei mais problemas respiro e tento conversar com ouvidos que não ouvem é isso ser adulto é estar sozinho com outras pessoas que também estão e um vazio que o medo das contas preenche e o medo do futuro comenta tentarei ser outra de novo e de novo sabendo do cansaço afinal não há outra alternativa.
há?