domingo, 29 de novembro de 2020
Do que ficou por ser (e outras indefinições)
Não foram pelas tuas palavras, visíveis no papel e me endereçadas em fevereiro. Nem pelas tímidas investidas e encontros esparsos. Nem sequer pela noite na Paula Gomes que enterrou nossas expectativas. Não foram pelas narrativas criadas e das redes que passamos anos trocando, sem mencionar destinatários que, tão claramente, recebiam e desvendavam mensagens, metáforas e o simbolismos, mas nunca verbalizado em alto e bom som. Não era por você.
Talvez fosse por mim. Pelo medo, pela falta de clareza - de palavras, ideias, desejos -, os pesos de indecisão. A solidão pesa, sufoca e, ironicamente, ensina. A clausura e o isolamento amadurecem. Essas coisas tornam claro o que é necessário: dizer. Vá, fique, retorne, transforme. Era por mim. E por tudo que eu não consegui dizer antes do fim. Também foi pela vez em que me percebi do lado de fora, afastada. Pela ausência da resposta que não dei.